quarta-feira, 30 de abril de 2014

A História dos Galos em Santo Domingo de La Calzada



O galinheiro
Contam que no século XIV, um jovem chamado Hugonell efetuava a sua peregrinação a Santiago de Compostela acompanhado pelos seus pais. Num dos albergues do caminho em que pernoitaram, o jovem mostrou-se indiferente às investidas de uma criada do mesmo, ela por vingança colocou em segredo uma taça de prata na bagagem do rapaz. Na manhã seguinte a mulher chamou os guardas e acusou Hogonell de furto. O rapaz foi julgado e condenado e em seguida enforcado. Porém quando os seus pais foram até o patíbulo para recolher o corpo, ouviram a voz de um anjo anunciando que Santo Domingo havia conservado a sua vida. Os pais do jovem imediatamente procuraram o juiz da cidade e pediram que o rapaz fosse liberado, pois estava vivo e de boa saúde. O juiz estava à mesa e com certa razão, não acreditou na história do casal. A sua incredulidade fê-lo exclamar: - Solto vosso filho quando este galo e esta galinha cantarem novamente – disse o juiz apontando os assados que tinha sobre a mesa.
Nesse mesmo instante o galo e a galinha cobriram-se de penas e puseram a cacarejar e a cantar saindo correndo. O juiz soltou Hugonell. Desde esse dia, na igreja de Santo Domingo de la Calzada, um galo e uma galinha de penas brancas são mantidos vivos junto ao altar, num alambrado no estilo gótico tardio, coberto com uma tela renascentista que recebe o nome de “Gallinero”. Os mesmos são substituídos a cada 20 dias e somente ocupam o galinheiro no período de 25 de abril a 13 de outubro. Ao entrar na igreja, se você ouvir o galo cantar, é um sinal que a sua peregrinação será bem sucedida. Daí o ditado popular: “Santo Domingo de la Calzada, donde cantó la gallina depués de asada”.
Existe uma outra versão fantasiosa, na qual os pais depois que o rapaz foi condenado as ser enforcado, tiveram uma grande dor, no entanto, continuaram a sua peregrinação a Santiago. Depois, no retornar ao seu país, passaram por Santo Domingo de la Calzada e foram ao local onde estava a forca para ver o seu filho e pedir a Deus por sua alma. Quando chegaram ao lado da mesma encontraram o rapaz vivo, questionado, informou aos pais ter um jovem varão segurado os seus pés de forma que nada viesse lhe acontecer.
O milagre relatado se repete em várias cidades ao longo do Caminho de Santiago: em Toulouse, com a denominação de “le pendu dépendu” (milagre atribuído a San Amando ou a Santiago); em Barcelos, no “Caminho Português”, conhecido como “o senhor galo”; em Utrecht “Liber miraculorum” (livro segundo do “Liber Sancti lacobi”). Relata também Berceo nos “Milagres de Nuestra Sennora”; Alfonso X, “el Sabio”; nas “Cántigas de Santa María” e Jacobus de Voragine na “Legenda aurea”.
Com todo esse conhecimento, não podemos atribuir a Santo Domingo de la Calzada este milagre, o qual é muito discutido e emblemático.

fonte: Caminho de Santiago

Dia 8 - Logrono a Najera (25km)

Acordei bastante cedo pois sabia que o dia ia ser difícil,  seria o recorde de km até agora,  31km.  Tomei meu cafe da manhã,  arrumei a mochila e sai. Atravessei toda a cidade de Logrono,  que é muito grande e passei por vários parques que são muito bonitos e bons para correr, caminhar e também para crianças . Andamos por muito tempo e muitos quilômetros dentro da área urbana de Logrono para sair e entrar numa área de parques e parreiras. É impressionante a quantidade de parreiras nessa região.  No entanto a etapa foi um pouco monótona devido a sua proximidade com a carreterra (estrada). 

Depois de longos 13 km passei por Navarrete e visitei sua bela igreja. Não havia ninguém dentro da igreja mas tinha um carimbo e uma caneta e o próprio peregrino carimbava sua credencial. A saída de Navarrete é toda pela estrada, um trecho um pouco chato então tratei de acelerar já que meu joelho estava dando uma trégua. Depois de mais ou menos 2 horas cheguei em Ventosa uma cidade pequena com um grande igreja no alto. O caminho passa apenas pelo lado dessa cidade mas como estava adiantado resolvi subir para conhece-la, uma pena que estivesse fechada. Apenas bati fotos externas e enchi minha garrafa com água de uma fonte que havia na fonte da igreja. 

Desci e parei no restaurante de Ventosa para comer um bocadillo. Quando estava comendo apareceram os 2 brasileiros Ireneu e Carol. Ainda faltavam 10 km para Najera e a subida do Alto de Santo Anton, mas a subida não era muito íngreme e a descida ate Najera também era bastante suave. Tinha muitas parreiras no caminho mas não era uma etapa com muitas paisagens como as primeiras. 

Às 15:20hs, bastante cansado chegamos em Najera. Lá, encontramos um alemão com um mapa na mão dizendo que todos os albergues estavam lotados e que teríamos que ir para Azofra o que significava andar mais 6 km. Resolvemos andar mais um pouco e perguntar melhor, na verdade os albergues privados estavam lotados mas o municipal não. 

O albergue municipal de Najera e muito simples e achei um pouco sujo mas é de graça,  você apenas deixa um donativo da quantia que quiser. Sai para dar uma volta e encontrei um restaurante onde estavam muitos peregrinos e aproveitei para usar o wi-fi do local já que no albergue não havia.  Falei bastante com a Tricia.

O dia foi o mais quente do caminho até agora, acho que em alguns momentos passou de 20 graus. Quando estava no restaurante falando com a Tricia começou a chover e fui correndo pra tirar minha roupa do varal, que ficava no meio da rua em frente ao albergue. Sai depois para jantar o menu do peregrino. (Já ia começar a semifinal da Champions League na TV mas peregrino tem que dormir cedo), por isso umas 09:30 já estava no albergue pra dormir.














terça-feira, 29 de abril de 2014

Dia 7 - Los Arcos a Logrono (27km)

Como sabia que a caminhada seria bastante longa, acordei 05 horas, afinal teria 28km pela frente. A saída de Los Arcos é uma enorme reta que passa por muitas plantações e sempre vai margeando a estrada. Estava bastante frio assim como todas as manhãs nessa região. 

Depois de um tempo caminhando, fiz uma curva para a direita e andei mais alguns minutos até encontrar com uma carreterra. Então veio uma parte cansativa desse trecho que era pela carreterra. Nesse ponto imprimi um ritmo mais forte a minha caminhada. Passei então por 2 cidades, uma do lado da outra, Sansol e Torres del Rio.  

Depois de Torres del Rio outro trecho com plantações e pouca gente. Alguns peregrinos pararam em Torres del Rio para tomar café afinal Viana que era a próxima cidade era umas 3 horas de caminhada de distância. Como já tinha caminhado passei direto. Fui ultrapassado por um belga, no entanto que estava animado com a copa do mundo,  ficou me perguntando como estavam os preparativos e se achava que o Brasil ganharia. 

Depois passei por outro trecho bastante cansativo, mais de 1km na carreterra,  é um trecho perigoso também pois passam carros e caminhões muito próximos dos peregrinos. Ainda bem,  no entanto que não estava muito movimentada. 

Apos esse trecho entrei em uma trilha mas ainda paralelo a estrada.  Escutava sons de carros passando juntamente com o canto dos pássaros. Nesse ponto já avistávamos a cidade de Logrono e de Viana. Parei em Viana, visitei sua belíssima igreja, carimbei minha credencial e resolvi almoçar pois ainda faltava 10km e já era meio dia. 

Nesse momento reencontrei Ireneu e fomos almoçar em um restaurante em Viana. Estava com fome e pedi um plato combinado com uma taça de um bom vinho tinto. Quando estávamos acabando chegou a Carol, a outra brasileira e fomos os 10 km até Logrono caminhando juntos e conversando, (o trio do Brasil). Passamos em um trailler com um cara falando no microfone com uma cruz na mão saudando os peregrinos que passavam.  

Quando nos aproximamos ele nos pediu um donativo. Logo após atravessarmos uma ponte saímos da região de Navarra e entramos em La Rioja. Depois um trecho bastante cansativo até a entrada de Logrono, estavamos os três bem cansados, mas meu joelho seguia firme. 

Ao chegar em Logrono fui no supermercado.  Perguntei pra um garoto em uma bicicleta onde era o supermercado e ele foi me acompanhando até lá. Comprei o cafe do dia seguinte e voltei pro albergue. Como cheguei 15:30 em Logrono e estava muito cansado deixei as roupas pra lavar no outro dia. Saímos os três brasileiros pra jantar,  cheguei umas nove horas da noite no albergue,  fui carregar os celular e a máquina e capotei de sono












segunda-feira, 28 de abril de 2014

Dia 6 - Estella a Los Arcos (21km)

Acordei não muito cedo, quase 6 horas, meio ruim da barriga e meu joelho doendo. Me arrumei o mais rapido que pude mas só consegui sair apenas às 07:20. A saída de Estella é muito tranquila, passamos por uma igreja muito bonita, mas não deu pra subir a escadaria porque meu joelho doía bastante. Encontrei com um casal dentro da cidade perguntando por qual rua eu tinha vindo porque estavam fazendo o caminho ao contrário, (bastante interessante, devem ser europeus querendo voltar a pé pra casa.)  

O trecho entre Estella e Azqueta foi o mais difícil até agora não pela dificuldade do percurso mas porque meu joelho doía e a barriga também. Pouco depois de Estella chegamos na famosa Fuente de Vino, mas como era domingo não estava funcionando.  Eu ainda consegui tomar um gole mas depois secou.  Enfim, lá é um local onde param todos os peregrinos. 

De lá saímos em comboio mas aos poucos o grupo fomos nos dispersando e acabei ficando sozinho de novo. Estava fazendo minhas orações pra eu conseguir terminar minha caminhada do dia quando avistei a cidade de Azqueta. Parei em um restaurante onde havia alguns peregrinos tomando café e dei uma descansada. Meu café, eu já havia tomado no albergue. Após Azqueta o dia ainda estava muito frio mas passamos por trechos sem sombra e o sol deu uma esquentada, meu joelho diminuiu a dor e pude caminhar mais confiante passando por uma enorme quantidade de parreiras. Estou me aproximando de sair de Navarra e entrar na região La Rioja,  muito famosa pelo seus vinhos, isso se dará amanhã quando me aproximar de Logrono. 



Passei pela cidade de Villamayor de Monjardin, que tinha uma bela igreja e uma fonte bem diferente antes da entrada da cidade. Após essa cidade foram mais 12 km aproximadamente sem passar por nenhuma cidade, apenas um trailler no meio das plantações vendendo comida. Como estava cheio de peregrinos quando passei e era meio dia resolvi comer um bocadillo e conversar com alguns peregrinos praticando meu inglês. Eu pretendia ir até Torres del Rio porque meu joelho tinha esquentado, e ainda podia andar bastante mas como já eram 2 horas quando cheguei em Los Arcos e ainda faltavam 8 km pra lá resolvi parar em Los Arcos junto com os brasileiros. Demos uma volta pela cidade e jantamos juntos o menu do peregrino. 

Los Arcos tem uma praça muito bonita e uma igreja que infelizmente estava fechada apesar de ser um domingo.  A Missa havia sido às 13 horas. Dormi as 21 horas com o sol indo se pôr.












domingo, 27 de abril de 2014

Dia 5 - Puente La Reina a Estella (24km)

No albergue de Puente La Reina não tem carregador nos quartos então tive que acordar e terminar de carregar a maquina e o celular na sala.

Como acordei apenas umas 05:40 acabei demorando um pouco pra sair. Sai por volta de 07:20 do albergue passando pela Calle Mayor e atravessando uma bela ponte românica. 

Após a ponte entramos em uma carreterra e fui seguindo um espanhol e passamos da entrada, não vimos placa nem flecha,  mas só estramos por uns 50 metros, logo percebemos e voltamos pelo caminho correto. 

O trajeto é muito agradável, fui sozinho escutando o barulho dos pássaros e apreciando a vista. Depois de um tempo chegamos em uma cidade chamada Cirauqui onde comprei maçãs e um suco para desayuno. É uma vila ícone do caminho, todos batem uma foto na entrada dessa cidade. 

Ao chegar em Cirauqui começou uma chuva leve. Coloquei logo o poncho e fiz a escolha acertada pois logo começou uma grande chuva que durou algumas horas, só deu uma trégua no final do percurso do dia. A partir daí passei por vilas sem uma alma viva e enfrentei muita lama. Era necessário caminhar bem devagar para não cair. 

Em Villatuerta, já bem próximo a Estella a chuva deu uma pequena trégua e fui visitar a Iglesis de la Assuncion , do século XII, muito bonita.  Após minhas orações fui caminhar os 2 km restantes até Estella. Meu joelho direito já reclamava bastante mas fui firme. O trecho antes da entrada de Estella é um pouco chato quando passa perto de uma fábrica mas logo depois entramos na belíssima cidade de Estella.  (Há igrejas belíssimas nessa cidade pena que não deu tempo de eu ir porque tive que cuidar do meu joelho, comprei gelo pra colocar em cima). 

Às 07 horas sai com uma turma de 8 pessoas pra jantar fora. Cinco brasileiros,  um casal de espanhóis e uma canadense. Esse casal de espanhóis já estava no último dia do caminho. Vão continuar próximo ano. Muitos europeus fazem o caminho dessa forma. Como a passagem não é cara, preferem fazer 1 semana por ano. Nesse jantar comemoramos o aniversário de 2 brasileiros,  a Livia e o Ireneu. Cheguei no hotel e fui novamente colocar gelo no joelho e então fui dormir.













sábado, 26 de abril de 2014

Dia 4 - Pamplona a Puente La Reina


Acordei às 05:30, fui me arrumar e tomar cafe com o que eu tinha comprado em Pamplona.  Comi pão,  bastante frutas e um suco de caixinha e comecei a caminhada. Logo na saída em um parque perto da cidadela começou a cair uma chuva fina, para não molhar a mochila parei em um banco desse parque e tratei logo de colocar o poncho. 


Atravessei toda a bela cidade de Pamplona passando pela Calle Mayor (praticamente todas as cidades têm uma Calle Mayor ) e passei ao lado da cidadela e depois do lado do Campus da Universidade de Navarra. Em pouco tempo Com mais ou menos 01 hora e meia estava em Cizur Menor, um pequeno lugarejo do lado de Pamplona.
A descida dessa montanha foi a parte mais difícil do dia, comecei a sentir uma dor no joelho direito e fui bastante devagar.  Em pouco tempo encontrei com o Ireneu e fomos caminhando juntos uma bom tempo. Paramos pra almoçar em Uterga em um albergue,  uma pequena cidade muito bonita. Aproveitei para comer um spaguetti com cerveja. 
Caminhei mais um pouco e cheguei no local onde tem um desvio para visitar a igreja de Eunate.  Resolvi fazer esse desvio que era de 2 km pra ir e mais 2 pra voltar mas em 200 metros apareceu uma placa dizendo que a igreja era aberta de 10 às 14 e já eram 14:05, então desisti e voltei pelo caminho. 
Cheguei em Puente La Reina as 15:15 . Fui lavar roupa e as 18:30 fui dar uma volta na cidade e jantar o menu del peregrino. Nesse albergue que é da paróquia não tem carregador nos quartos então fiquei na sala carregando as coisas pro dia seguinte uma meia hora, ainda não tinha terminado fui dormir.
Uma coisa bastante interessante que eu já havia percebido nas nessa etapa ficou muito visível.  Na hora da siesta nós passamos por dentro de algumas cidades, atravessamos toda sua extensão e não vemos ninguém nas ruas, é incrível.






 Após esse lugar dei início a subida do Alto do Perdon, um dos lugares mais marcantes do caminho,  subimos uma montanha de 770 metros (Pamplona esta a 446m) onde existem muitas torres de energia eólica. Quando cheguei lá em cima entendi o porque: Um vento fortíssimo junto com uma temperatura de 8 graus que tinha visto antes da subida davam uma sensação térmica próxima de zero graus.  Bati muitas fotos , a vista é belíssima,  encontrei com a Carol e o Irineu (brasileiros). 









 Descida do Alto del Perdon (arrebentou meu joelho)

Imagem de São Tiago, apóstolo, na Igreja de mesmo nome em Puente La Reina








 Subida do Alto del Perdon



 Alto del Perdon
Almoço de hoje: mesmo preço do bocadillo